Na sexta, dia 30/09, aniversário da Cláudia, acordamos bem cedo e viajamos para Santiago de Compostela. Pegamos um vôo da Ryanair e chegamos lá por volta das 10h.
Santiago, como é chamada por aqui, é uma cidade no centro do estado da Galícia, e é conhecida internacionalmente por peregrinos que, com fé inigualável, caminham desde a França, na região dos Pirineus, até a cidade. Há toda uma infra-estrutura na Espanha para acolher estes aventureiros, com albergues que cobram preços módicos durante essa jornada espiritual.
Pegamos um ônibus no aeroporto (Empresa Freire – 3 euros por pessoa) que, de meia em meia hora, vai para o centro da cidade passando ao lado da estação de trens, na rodoviária da cidade e com parada final na Rua Doutor Teixeiro (isso mesmo, rua e não calle), que, por sinal, era paralela à rua onde estava o Hotel Horreo.
Deixamos as malas no hotel (o check-in não podia ainda ser feito) e fomos ao centro histórico da cidade, à pé, já que é grudado no hotel. Toda a zona do centro é para pedestres, circulando apenas carros de serviço para abastecer o comércio de lá.
Não sabíamos, mas estava iniciando, justamente no dia que chegamos, uma feira medieval na cidade. Montaram barraquinhas no centro histórico pra vender comida, artesanato, cristais, incensos, de tudo um pouco.
Uma das barraquinhas do Mercado Medieval
Depois de passear um pouco pelas ruas, experimentamos a torta de Santiago, que é uma torta de amêndoas típica de lá, para disfarçar a fome. A feira se espalhava por várias ruas e ao lado de vários pontos importantes da cidade. Chegamos ao final na Praza do Obradoiro, principal ponto de encontro dos peregrinos, bem em frente à entrada principal da Catedral de Santiago de Compostela.
A praça é tão imponente quanto a catedral e todos os dias do ano está cheia de peregrinos pela manhã, esperando sempre a missa das 12h, especial para abençoar as jornadas. Nela se lê a quantidade de peregrinos, as nacionalidades, bem como de onde estão vindo, porque existem vários pontos de partida do Caminho de Santiago, especialmente na Espanha e França. Já que chegamos na Catedral por volta das 11:30h, resolvemos esperar o início da missa.
Catedral de Santiago de Compostela
Interior da Catedral
Na parte térrea da catedral (virada pra praça) há um museu que organiza visitas guiadas ao Pórtico da Glória. Como essa parte da igreja está em restauração, havia uma apresentação por meio de vídeos desse pórtico e sua história. Nos inscrevemos para a visita das 13h, logo depois da missa.
Assistimos a missa, que é conduzida de forma bem clássica, e que no momento da comunhão, o pároco principal é ajudado por cerca de 10 outros sacerdotes, devido à quantidade de gente na catedral. Creio que é o momento de maior fé dos peregrinos em toda a jornada. Estávamos esperando também a utilização do botafumeiro, que é um aparato da religião católica que solta uma fumaça e que dizem que também é bem marcante na missa. Não aconteceu nada. Depois descubrimos que sua utilização é paga sempre por algum grupo de peregrinos de algum país, e custa uns 300 euros. Naquele dia o pessoal tava de bolso vazio…
Altar da Catedral
Um dos vitrais da Catedral
Logo depois da missa, passamos no museu e fomos recebidos por uma guia brasileira. A entrada foi gratuita. Tivemos uma explicação a respeito do caminho de Santiago propriamente dito e um outro vídeo que contava sobre a história do Pórtico da Glória. Já que estávamos misturados com espanhóis, nossa apresentação foi também em espanhol, mas feita de forma claríssima.
Depois do museu entramos de novo na catedral para ver os detalhes da restauração do pórtico e para passar por detrás do altar, onde há a imagem de São Tiago. Passamos na Capilla de las Relíquias, onde se encontra o Panteón Real e, pelo que vimos, é um espaço de muita oração e meditação.
Estátua humana de Santiago. Perfeita!
Já que estava meio tarde, saímos da catedral diretamente pra procurar algum lugar pra comer. E comer bem, já que era aniversário da Cláudia. Já saímos de Madri com a certeza de que se comia bem na região da Galícia, especialmente frutos do mar. Seguimos pela Rua do Franco, com restaurantes pra todo lado, e entramos no que nos pareceu mais atrativo: A Barrola. Fomos recebidos por um garçom que até falava português e conhecia o Brasil, pedimos um prato à base de mariscos pra mim e pra Cláudia e dois de carne pro Guilherme e Filipe. Comemos muito bem e brindamos à aniversariante.
Saímos do restaurante e fomos conhecer outros pontos turísticos importantes da cidade. Visitamos, inicialmente, o Centro Gallego de Arte Contemporanea (CGAC), projeto do arquiteto português Álvaro Siza. O edifício por dentro proporciona a montagem de muitas exposições. As exposições em si não faziam muito a nossa cabeça, então passamos bem rápido por elas.
Centro Gallego de Arte Conteporânea
Em seguida fomos ao Museo do Pobo Gallego, onde pagamos 1 euro por cada (estudante) para entrar. Esse espaço, muito bem dividido, conta a história dessa região fortemente influenciada pelo povo português. Todas as explicações das peças estavam na língua gallega e em castelhano.
É resgatada toda a história desse povo, em relação à agricultura, indústria, artesanato, vestimentas, folclore, enfim, tudo o que se pensar acerca de história, está retratado de alguma maneira. Excelente. Recomendamos.
Museo do Pobo Gallego
Escada tripla helicoidal no Museo do Pobo Gallego. Muito interessante!
Voltamos pro Hotel pra fazer check-in. Já haviam colocado nossas malas nos respectivos quartos. O hotel fica muito bem localizado. Sua diária inclui o café-da-manhã.
Depois de um bom banho e um pouquinho de descanso, voltamos pra cidade à noite pra esticar a comemoração do níver em um bar perto da Praza de Cervantes, onde estava ocorrendo a festa medieval. Comemos umas tapas com cerveja e tinto de verano até de madrugada. Muito bom o dia…
Mercado medieval